Dia 30 de setembro comemora-se o Dia Internacional da Tradução ou do Tradutor/Intérprete. A data foi escolhida por marcar o falecimento de São Jerônimo em 420 d.C., o primeiro a traduzir a Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim — tradução esta que ficou conhecida como Vulgata —, com a finalidade de torná-la acessível para estudo. Por esse seu legado, São Jerônimo é considerado o padroeiro dos tradutores (e dos estudiosos da Bíblia, arqueólogos e bibliotecários), muito embora no dia a dia os tradutores não se lembrem realmente de clamar pelo santo diante de um desafio tradutológico.
Sendo a Bíblia o texto extenso que conhecemos, é preciso ir longe ao tentar imaginar a dedicação empenhada para traduzi-la. Trata-se de um trabalho que certamente levou muitos anos, visto que a época era escassa de recursos e a tradução é considerada pioneira. Até alguns anos atrás, inclusive, podemos afirmar que a tradução era um trabalho artesanal que demandava tempo pelas extensas pesquisas em livros e consultas em dicionários físicos como única forma de pesquisar um termo diferente em outra língua — uma realidade que o estudante de tradução moderno não vai conhecer graças ao advento da tecnologia.
Hoje em dia, com computadores, internet, dicionários/tradutores online e memórias de tradução, traduzir se tornou a mistura de um trabalho artesanal e automatizado. A globalização tornou o aprendizado de idiomas mais acessível e o intercâmbio de informações mais dinâmico; a demanda do mercado foi aumentando e os prazos diminuindo. Ao mesmo tempo que é gratificante ver a expansão da área, é igualmente necessário levantar questões sobre a questão da qualidade do trabalho e o que representa de fato o trabalho do tradutor, muitas vezes invisível.
O trabalho do tradutor está em todos os lugares: em manuais de instrução, bulas de remédio, livros de todos os gêneros; documentos que permitem o intercâmbio de produtos e pessoas de um país a outro; sites, vídeos de músicas, o filme que vemos no cinema e a série que assistimos na televisão e nas plataformas de streaming, entre inúmeros meios. Tudo isso faz parte do nosso dia a dia e por trás de cada informação que conseguimos interpretar em nossa língua materna, estão os olhos peritos de um tradutor que se certificou de transmitir da melhor maneira o sentido daquele conteúdo. Ele é o intermediário entre o texto estrangeiro e o texto a que você tem acesso.
E porque existem várias línguas no mundo, com minuciosas particularidades e importâncias culturais, a Federação Internacional dos Tradutores determinou o tema deste ano “Tradução e Línguas Indígenas”, com o intuito de incentivar o aprendizado e a preservação dessas línguas que tanto contribuem para o acervo cultural do mundo. “Perder uma língua é mais do que perder palavras, é perder perspectivas culturais únicas e narrativas contidas dentro da linguagem e da cultura, assim como sua contribuição à riqueza da diversidade”, diz o texto publicado no site oficial da associação, que também destaca a importância dos intérpretes de línguas indígenas como mediadores para esses povos poderem participar ativamente das decisões políticas e culturais da sociedade.
O tradutor desempenha assim um importante papel social e carrega a grande responsabilidade de construir pontes em todos os cantos para estreitar ligações em diversos espaços geográficos, áreas de conhecimento e tribos culturais. Longa vida aos tradutores!