Em janeiro, a Netflix trouxe para seu catálogo uma produção original chamada Arrumando a Casa com Marie Kondo, uma série no formato reality em que a organizadora profissional japonesa Marie Kondo ensina famílias norte-americanas a aplicarem seu método, apelidado de KonMari, em suas casas tomadas pelo excesso e pela bagunça.
Marie Kondo tornou-se mundialmente popular há alguns anos, quando seu primeiro livro, A Mágica da Arrumação, se tornou best-seller em vários países. Em 160 páginas (na edição brasileira, publicada pela editora Sextante), ela conta a história de como começou a se interessar por organização, ainda na infância, e como lapidou o método que hoje faz tanto sucesso: a diferença entre ele e os demais, ela explica, é que em seu método a pessoa deve arrumar por categorias e não por cômodos, e na hora de separar os itens para o descarte, a pessoa deve identificar se cada item avaliado traz alegria ou não e, mantido ou descartado, ela deve agradecê-lo pela sua função.
Peculiar como é, o fato é que as pessoas estão sendo atraídas pelo que a organizadora tem a ensinar — para muitas pessoas, a crescente necessidade de melhorar a qualidade de vida começa dentro da própria casa, por isso começam reavaliando aquilo que possuem e mudando seus hábitos de organização de consumo. Aproveitando esse momento oportuno, o serviço de streaming produziu uma temporada para mostrar Marie Kondo em ação em cenários domésticos reais. Para isso, a comunicação em cena era imprescindível, mas como Kondo domina pouco o inglês, a solução foi adicionar mais uma personagem à série, e Maria Iida, a intérprete, acompanhou-a em todos os oito episódios.
Embora a presença de Iida pareça menor em interesse no meio do evento principal da organização, quem conhece a área sabe que ser a conexão entre pessoas que falam idiomas diferentes é uma grande responsabilidade, e optar por incluí-la em cena traz, intencionalmente ou não, visibilidade para os profissionais. Seria uma opção deixá-la atrás das câmeras, comunicando-se com Marie via microfone, como fazem alguns programas de auditório brasileiros quando recebem convidados de outros países, mas o bônus é que o par que Marie e Maria formam em cena também se torna um elemento que complementa a atmosfera agradável da série, e apesar dos cortes necessários para a organização de uma casa inteira caber em um único episódio, é possível perceber como a comunicação é o que torna o processo possível.
Imagem: Netflix