Você já parou para pensar em como a distinção de sotaques é representada na mídia? O texto a seguir, “Accent discrimination: let’s call the whole thing off” [“Discriminação de sotaques: vamos parar com isso”] aborda um pouco esse assunto.
Partindo da menção de um estudo que concluiu que os vilões nos desenhos geralmente carregam um sotaque estrangeiro em sua fala – sendo o britânico mais comum, seguido do alemão e idiomas eslavos –, a autora do texto explica como essa distinção, apesar de preconceituosa, tem origem científica: depois da fase adulta, o cérebro perde sua neuroplasticidade, a flexibilidade na aquisição de outro idioma, e daí surge o desconforto perante sotaques estrangeiros, inclusive a tendência de desconfiar do que é dito se o sotaque difere do nosso.
Além disso, o sotaque que carregamos também contribui para que nosso ouvinte trace o chamado perfil linguístico, que denuncia nossa origem, classe socioeconômica, e contextos similares, o que também adianta a maneira como seremos tratados em sociedade, algo particularmente negativo se o indivíduo provém de outro país ou de regiões mais pobres do mesmo país que o seu.
Por isso, muitas pessoas procuram treinamento fonoaudiólogo para “corrigir” a maneira como falam e assim diminuir a barreira entre classes, à maneira de Eliza Doolitle em My Fair Lady, filme estrelado por Audrey Hepburn, cuja trama baseia-se, justamente, em um professor de linguística que tenta transformar uma mulher das ruas em uma dama ensinando-lhe a “maneira certa” de pronunciar as palavras.
Contudo, o sotaque que carregamos é parte de quem somos e é característico de uma cultura que deve ser valorizada e não colocada abaixo de outra, portanto, não devemos menosprezar a maneira como pronunciamos as palavras independentemente de sua representação na mídia de culturas dominantes.
Para ler o texto (em inglês), acesse: https://unbabel.com/blog/language-foreign-accents-discrimination/